Permanência no planeta Terra, DEFINIÇÃO, por Leopoldo Fróis

22 08 2011

Hoje recebi do Centro Espírita Caminhos de Luz-Pedreira-SP-Brasil um e-mail  profundo  do espírito Leopoldo Fróis que nos leva a refletir sobre nossa existência em nosso estado de espírito atual.

Não pude deixar de colocar nesse humilde blog palavras tão espetaculares sobre a nossa permanência na Terra. Assim vamos a mensagem abaixo e logo após deixo o texto original de Emmanuel na introdução dessa bela obra psicografada por Chico Xavier em 1951 a venda na internet e nas livrarias e também a biografia do Leopoldo Fróis.

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DEFINIÇÃO

Disse alguém que a permanência na Terra é semelhante a um baile de máscaras, em que alguns entram, enquanto outros saem.

Para mim, no entanto, que me consagrei ao teatro na última romagem por aí, suponho mais razoável a comparação do mundo a velho e sempre novo cenário, onde representamos nossos papéis, ensaiando para exercer funções gloriosas de almas conscientes na eternidade.

Cada existência é uma parte no drama evolutivo. Cada corpo é um traje provisório, e cada profissão uma experiência rápida.

A vida é a peça importante.

O período de tempo, que medeia entre uma entrada pelo berço e uma saída pelo túmulo, é precisamente um ato para cada um de nós no conjunto.

Muito importante é a arte de viver cada qual o seu próprio papel.

Há lamentáveis distúrbios, no elenco e na platéia, sempre que um dos artistas invada as atribuições do colega no argumento a ser vivido no palco, sobrevindo verdadeiras calamidades, com desagradável perda de tempo, em todas as ocasiões em que se despreze aquela norma.

A representação reclama inteligência, fidelidade, firmeza, emoção e eficiência, com aproveitamento integral dos lances psicológicos, e alta capacidade de autocrítica.

Nunca chorar no instante de rir e jamais sorrir no momento da lágrimas.

Providenciar tudo a tempo.

Tonalizar a voz e medir os gestos, para não converter a tragédia em truanice; respeitar as convenções estabelecidas, a fim de que o artista não desça da galeria do astro ao terreiro do bufão.

Segundo o parecer dos sensatos homens da antiguidade, o sapateiro não se deve exceder no salão do pintor, e o pintor, a seu turno, precisa comedir-se na tenda do sapateiro.

Encarnando um juiz, um político, um sacerdote, um beletrista, um negociante ou um operário, não será aconselhável apresentarmos obra muito diferente do trabalho daqueles que nos precederam, investidos em obrigações idênticas: correríamos o risco da excentricidade e do apedrejamento.

Compete ao nosso bom senso talhar o figurino, tendendo para o melhor, sem escandalizar, contudo, os moldes anteriores.

O comerciante não deve absorver o papel do filósofo, embora o admite e lhe siga as regras. O homem de idéias, por sua vez, não deve furtar o papel do mercador, apesar de convidá-lo à meditação.

Atulhando o edifício em que funciona o teatro, há sempre grande massa de bonecos, no almoxarifado da instituição. É a turba compacta de pessoas que nada fazem pela própria cabeça, constituída por ociosos de todos os feitios, a formarem o “grand-guignol” da vida comum, habitualmente manejados por hábeis ventríloquos da inteligência.

E, enchendo o subterrâneo ou cercando as gambiarras e os tangões, temos o exército dos que arrastam escadas e pedras, móveis e cortinas, na qualidade de tecelões do verdadeiro urdimento para as mutações necessárias. São eles os espíritos acovardados ou preguiçosos, que renunciam ao ato de escolher o próprio caminho e que abominam o conhecimento, a elevação e a aventura, entronizando o comodismo em ídolo de suas paixões enfermiças. Demoram-se longo tempo na imbecilidade e na teimosia, suportando pesos atrozes pela compreensão deficiente.

No proscênio, focalizados por luzes de grande efeito, movimentam-se os atores e as atrizes da ação principal. São pessoas que se impõem no palco vivo. Discutem. Apaixonam-se. Gritam. Criam emoções para os outros e para si mesmos. Agitam-se, imponentes, na grandeza ou na miséria, na glória ou na decadência. Respiram, conscientes da missão que lhes cabe.

São geralmente calmos na direção e persistentes na ação. Transitam, através dos bastidores, obstinados e serenos, com segurança matemática. Pronunciam frases bem meditadas, usam guarda-roupa adequado e não traem a mímica que lhes compete.

Homens e mulheres, acordados para a vida e para o mundo, caminham para os objetivos que traçaram a si mesmos. Entre eles vemos príncipes e sábios, rainhas e fadas, ricaços e pobretões, poetas e músicos, comendadores e caravaneiros, noivas e bruxas, artífices e palhaços. Com diferenças na máscara e no coração, cada um deles funciona dentro da posição que a peça lhes designa. Cada qual responde pela tarefa que lhe é peculiar.

O espírito, que, durante alguns dias, desempenhou com maldade e aspereza a função da governança, volta à mesma paisagem na situação do dirigido. O juiz que interferiu, indebitamente, no destino de muitas pessoas, regressa ao palco nalgum caso complicado, para conhecer, com mais precisão, o tribunal onde colaborou vestindo a toga, depressa restituída a outros julgadores. O operário inconformado, que se entrega à indisciplina e à rebelião, volta, às vezes, ao grande teatro da vida, exibindo o título de administrador, a fim de conhecer quantas aflições custa o ato de responsabilizar-se e dirigir. O médico distraído na ambição do lucro efêmero volve em algum catre de paralítico, de modo a refletir na importância da Medicina. Sacerdotes indiferentes ao progresso das almas retornam curtindo a desventura dos órfãos da fé. Homens endemoninhados, que atravessam a cena quais faunos bulhentos, perturbando as ninfas da virtude e impossibilitando-lhes o ministério maternal, não raro se vestem com trajes femininos e comparecem, de novo, ao palco, sabendo, agora, quanto doem na mulher o abandono e o menosprezo, a ironia e a humilhação.

O papel mais pesado é sempre aquele que se reserva aos heróis e aos santos, porque esses atores infelizes vivem cercados pelas exigências do teatro inteiro, embora, no fundo, sejam também personalidades frágeis e humanas.

O que conforta de maneira invariável é que há lugar e missão para todos. Cada criatura dá espetáculo para as demais. Entretanto, para a tranqüilidade de todos, ninguém se lembra disso. E a peça vai sendo admiravelmente representada, sob recursos de supervisão que estamos muito longe de aprender.

Eis-me, pois, amigo, nestas páginas, que estimularão entre as pessoas sensatas a certeza da sobrevivência da alma.

Não tenho qualquer mensagem valiosa a enviar-lhe. Digo-lhe apenas, usando a experiência pessoal que o tempo hoje me confere, que esse mundo é, realmente, um grande teatro. Represente o seu papel com serenidade e firmeza e, decerto, você receberá tarefa mais importante no ato seguinte.

Pelo Espírito Leopoldo Fróis – Do livro: Falando à Terra, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Acesse o nosso site: www.caminhosluz.com.br

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Livro FALANDO A TERRA

No campo da vida, os escritores guardam alguma semelhança com as árvores.

Não raro, defrontamos com troncos vigorosos e erectos, que agradam à visão pelo conjunto, não oferecendo, porém, qualquer vantagem ao viajor. Ora são altos, mas não possuem romaria agasalhante. Ora se mostram belos; todavia, não alimentam. Ora exibem flores de vário colorido, que, no entanto, não frutificam.

São os artistas que escrevem para sí mesmos, perdidos nos solilóquios transcendentes ou nas interpretações pessoais. Inacessíveis ao interesse comum. De quando em quando, topamos espinheiros. São verdes e atraentes de longe; contudo, apontam acúleos pungentes contra quantos lhes comungam da intimidade enganadora.

Temos aí os intelectuais que convertem os raios da inteligência nos venenos  das teorias sociais de crueldade ou nos tóxicos da literatura fescenina, com que favorecem o crime passional e a mentira aviltante.

Por fim, encontramos os benfeitores do mundo vegetal, consagrados à produção de benefícios para a ordem coletiva. São sempre admiráveis pelos braços com que acolhem os ninhos, pela sombra com que protegem as fontes, e pelos frutos com que nutrem o solo, os vermes, os animais e os homens.

São os escritores que trabalham realmente para os outros, esquecidos do próprio “eu”, integrados no progresso geral. Sustentam as almas, transformam-nas, vestem-nas de sentimentos novos, improvisam recursos mentais salvadores e formam ideais de santificação e aprimoramento, que melhoram a Humanidade e aperfeiçoam o Planeta.

Este livro é constituído de galhos espirituais dessas árvores frutíferas. Os autores que o compõem, falando à Terra, estimulam o coração humano à sementeira de vida nova. É a voz amiga de almas irmãs que voltam dos cumes resplandecentes da imortalidade, despertando companheiros que a adormeceram no vale sombrio. Almas, que ajudam e consolam, animam e esclarecem.

Não temos, todavia, qualquer dúvida. Não obstante o mérito do que exprimem, muita gente prosseguirá sonâmbula e entorpecida.

É que o despertar varia ao infinito…

A gazela abre os olhos ao canto do pássaro. A pedra, entretanto, somente acorda a explosões de dinamite.

Resta-nos, porém, a confortadora certeza de que, se há milhões de almas anestesiadas nos enganos da carne, já contamos, no mundo, com milhares de companheiros que possuem “ouvidos de ouvir”.

EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 18 de abril de 1951

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Leopoldo Fróis – Biografia – Fonte: Wikipédia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_Fr%C3%B3es

Leopoldo Fróes desde pequeno, sempre sonhou em ser ator, mas seus pais eram completamente contra isso e não permitiram que ele seguisse seus sonhos. Formou-se então em Direito e seu pai lhe conseguiu um cargo diplomático.

Foi trabalhar em Paris, mas nunca era visto na Embaixada. Começou sua carreira de ator, então estreando no teatro em Portugal, em O rei maldito.

Em 1915, voltou ao Brasil e foi contratado pela Companhia de Dias Bragas. Depois de um tempo montou sua primeira empresa com a atriz Lucília Peres, de quem se separou depois de dois anos.

Fez grande sucesso no Rio de Janeiro e São Paulo entre 1917 e 1927. No cinema, trabalhou em Perdida(1916) e Minha noite de núpcias(1931). Escreveu para o teatro duas peças em três atos:Mimosa e Outro amor. Deve-se a Leopoldo Fróis a primeira tentativa séria, depois de João Caetano, de dar à arte cênica e sobretudo a dicção brasileira valor de curso estético.

Leopoldo Fróes faleceu no dia 1º de março de 1932. Durante a filmagem do filme Noite de Núpcias, o ator apanhou resfriado que evoluiu para uma tuberculose, sendo internado no Sanatório Davos-Platz, onde veio a falecer.[1]

Causa social

Além de todo esse fascínio pelos palcos, por atuar, interpretar e improvisar, Leopoldo Fróes tinha grande paixão pelo social. Em 1918, conseguiu juntar alguns amigos do meio artístico e jornalistas, como: Eduardo Leite, Mário Magalhães, Irineu Marinho, entre outros, para abraçarem uma causa social. Fundaram então o “Retiro dos Artistas”, uma associação que pudesse acolher os artistas que não tinham mais amparo, que precisassem de ajuda.

Em 1919, Leopoldo junto com seu grupo de amigos, conseguiu a doação de um terreno em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, aonde foi montado então o Retiro, que teve como primeiros moradores o casal Madalena e Domingos Marchisio.

O Retiro dos Artistas existe até hoje. Com aproximadamente trinta e cinco casas, o lugar presta assistência a muitos artistas idosos que não têm lugar para morar.